Sabe-se que uma alimentação rica em vegetais de folha verde e cereais integrais é recomendada, enquanto que uma alimentação rica em gordura saturada, nomeadamente presente no leite gordo, queijos gordos e carnes vermelhas não é recomendada. Neste sentido deve-se promover o consumo de alimentos com elevado teor de vitaminas, minerais e outros nutrientes benéficos. No entanto, a questão do grau de processamento de alimentos é frequentemente negligenciada ao nível da educação e informação sobre nutrição e saúde.
Atualmente é reconhecido que a atual pandemia de obesidade e doenças crónicas a ela associadas tem como uma das suas principais causas o aumento do consumo alimentos pré-preparados. Assim, as alterações nutricionais resultantes do tipo, intensidade e finalidade do processamento dos alimentos são de grande importância. Apesar de também terem quantidades consideráveis de nutrientes benéficos, os alimentos processados são tendencialmente muito calóricos e apresentam cerca de 52% de gordura saturada, 75% de açúcares adicionados e 57% de sódio, de forma generalizada.
Neste contexto, há 3 níveis de processamento de alimentos:
O grupo 1 corresponde a alimentos minimamente processados. Trata-se de alimentos integrais que foram submetidos a algum processo que não altera substancialmente as suas propriedades originais. Tais processos incluem a limpeza, refrigeração, congelamento, pasteurização, fermentação, secagem, desnatação, engarrafamento e embalagem dos alimentos. Carne e leite frescos, grãos, leguminosas, frutos oleaginosos, frutas, verduras, raízes e tubérculos geralmente são minimamente processados.
O grupo 2 é relativo a substâncias extraídas de alimentos inteiros. Isto inclui óleos, azeite, gorduras animais, farinhas, massas, amidos e açúcares. Assim, o óleo e o azeite são posteriormente utilizados na culinária e em saladas, por exemplo; a farinha é utilizada em pastelaria e para outros pratos de carne ou vegetais; as massas são a base para diversas confeções; e o açúcar é adicionado às mais variadas sobremesas e gelados, por exemplo.
O grupo 3 utiliza como matérias-primas os alimentos processados do grupo 2, sendo considerado o grupo de alimentos ultraprocessados. Estes alimentos são compostos de quantidades mínimas de alimentos do grupo 1, substâncias do grupo 2, para além de sal, conservantes e aditivos, como aromas e corantes. Este grupo de alimentos inclui pães (sobretudo pães embalados), biscoitos e bolachas, gelados, chocolates, confeitaria e gomas, cereais de pequeno-almoço, barras de cereais, batatas fritas e também salgados e doces em geral, para além de refrigerantes. Também fazem parte deste grupo produtos de carne, como cachorros-quentes, hambúrgueres e salsichas feitas de carne processada.
O melhor conselho nutricional é basear, ao máximo, a sua alimentação em alimentos frescos e minimamente processados (grupo 1). Tendo em conta o objetivo de prevenir doenças crónicas e agudas, e melhorar o seu bem-estar, o ideal é evitar o consumo de produtos ultraprocessados, ou pelo menos minimizá-lo, independentemente do seu perfil nutricional.
Artigo elaborado pela Equipa de Nutrição Ipharma
Inês Morais – 2794N e Maria Dias – 2944NE
Referências Bibliográficas
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