Crianças e a neofobia alimentar

2 de Junho, 2023

Esta semana, o tema deste mês, surge na sequência do dia da Criança e devido aos inúmeros emails e dúvidas que nos chegam todos os dias, sobre a dificuldade que os pais encontram na adequação da alimentação das crianças da sua vida. E as questões não variam muito, sendo quase sempre dentro da mesma temática: “O meu filho não gosta de nada, quer comer sempre a mesma coisa… Devo preocupar-me?”

E a verdade é que apesar de ser um tema pouco habitual, a neofobia alimentar tem sido cada vez mais estudada pela comunidade científica devido ao impacto que pode ter na saúde a longo prazo.

A neofobia alimentar, ou o medo de novos alimentos, pode levar a uma pior qualidade da dieta, aumentar os fatores de risco associados a doenças crónicas e, assim, aumentar o risco de desenvolver doenças do estilo de vida, incluindo doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

Mas o que é isto da neofobia alimentar perguntam vocês?

A neofobia alimentar é um tipo de comportamento alimentar em que uma pessoa se recusa a provar e comer alimentos com os quais não está familiarizado. E se enquanto as crianças estão numa fase de introdução alimentar, ou ainda vão provando os alimentos aos quais são expostos, a partir de determinada idade começa a ser muito mais complicado garantir a ingestão dos alimentos que lhes são fundamentais.

Os estudos apontam para que a neofobia alimentar esteja ligada a uma pior qualidade da dieta: por exemplo, a ingestão de fibras, proteínas e ácidos gordos monoinsaturados pode ser menor e a ingestão de gordura saturada e sal maior em indivíduos neofóbicos.

Como sabem, falo muitas vezes que o impacto do comportamento alimentar e da dieta na saúde são mediados principalmente por mudanças de peso. Contudo, já existe um estudo que refere que os impactos da neofobia alimentar surgem independentemente do peso, idade, condição socioeconómica ou sexo.

A maior parte das descobertas associadas ao estudo, acabam por reforçar a ideia de que uma dieta diferenciada, equilibrada, variada e saudável desempenha um papel fundamental, e tem um papel muito importante na saúde. Devemos intervir em comportamentos alimentares desviados, como a neofobia alimentar, já na infância ou juventude. Isso ajudará a prevenir futuros problemas de saúde desde o início.
A verdade é que os fatores hereditários só determinam a predisposição à neofobia alimentar. A educação e os cuidados com a primeira infância e a orientação sobre estilo de vida na vida adulta podem fornecer apoio no desenvolvimento de uma dieta diversa variada!

Assim, como alguns estudos têm vindo a demonstrar, a melhor forma de combater esta neofobia alimentar nas crianças passa pela atitude dos pais em relação ao comportamento no desenvolvimento das suas preferências alimentares.

Por isto, para estimular o desenvolvimento de uma dieta benéfica, é importante ter em mente que os pais não podem ter preconceitos em relação aos alimentos que oferecem aos filhos. Por exemplo, uma atitude restritiva em relação a um determinado alimento, por exemplo doces, faz com que a preferência aumente, enquanto uma atitude de imposição de certos alimentos tende a ter o efeito oposto. Situações que a criança associe a felicidade e a momentos de prazer, em que a criança compartilha a experiência alimentar com os pais, tendem a contribuir de forma significativa e positiva para os alimentos consumidos nessa situação, e vice-versa.

Por isso lembre-se, seja um exemplo para o seu filho. Não espere que ele coma bem, se você, como pai/mãe, não o faz. Você é o espelho do seu filho. Lembre-se que o importante é proporcionar uma alimentação variada que permita promover saúde e prazer na hora da refeição.

Não perca o post com os sinais de seletividade alimentar aos quais deve estar atento e procurar ajuda de um profissional de saúde.

Artigo elaborado pela Nutricionista Ipharma – Inês Morais (C.P. 2794N)

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