O dia Mundial da Diabetes assinala-se hoje, 14 de novembro, e foi criado pela Federação Internacional da Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em resposta à crescente preocupação com a ameaça à saúde representada pela diabetes. Comemora-se também, este ano, o centenário da descoberta da insulina, que deu vida a milhões de pessoas em todo o mundo.
A OMS já considera a diabetes uma epidemia mundial. No mundo, verifica-se um crescimento alarmante da prevalência de diabetes, cerca de 537 milhões de pessoas sofrem desta doença e, em 2019, a diabetes estava entre as 10 principais causas de morte identificadas pela OMS.
Nos últimos anos verificou-se o aumento do número de novos casos diagnosticados anualmente em Portugal. O Observatório Nacional para a Diabetes (OND) estimou que, em 2018, 13,6% dos portugueses com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos tinham diabetes, isto significa que, mais de 1 milhão de portugueses neste grupo etário vive com esta patologia.
Verifica-se que a prevalência da diabetes nos homens é superior à das mulheres e ainda existência de um forte aumento da prevalência da diabetes com a idade.
A Diabetes Mellitus é uma doença crónica e progressiva que se caracteriza pelos níveis anormalmente elevados de glicose (açúcar) no sangue (hiperglicémia), que ocorre quando o corpo não produz insulina suficiente ou não a consegue utilizar.
A insulina é uma hormona produzida no pâncreas, necessária para permitir a passagem da glicose da corrente sanguínea para as células, que a utilizam como fonte de energia. Quando a insulina está em falta ou não atua adequadamente, os níveis de glicose no sangue sobem. Com o tempo, os níveis elevados de glicose no sangue vão deteriorando progressivamente os vasos sanguíneos. Por esta razão, as doenças cardiovasculares como a angina de peito, o enfarte agudo do miocárdio e a morte cardíaca súbita são mais frequentes em doentes diabéticos do que na população em geral.
Existem, no entanto, diferentes tipos de diabetes cada qual com características próprias.
A forma mais comum da doença é a diabetes tipo 2 e é causada por um desequilíbrio no metabolismo da insulina. Surge quando há produção insuficiente de insulina ou incapacidade do corpo em utilizá-la de forma eficaz (insulinorresistência). Geralmente, é diagnosticada na idade adulta mas, com o aumento dos problemas relacionados com excesso de peso nas camadas jovens, tem surgido cada vez mais em crianças e adolescentes. Tem como principais fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e a predisposição genética. Embora tenha uma componente hereditária, este tipo de diabetes pode ser prevenida através de alterações nos fatores de risco modificáveis, ou seja, passa por adotar um estilo de vida mais saudável. O seu tratamento passa pela medicação de controlo, dieta alimentar e exercício físico adequados, podendo ser necessário a administração de insulina em situações de glicémias elevadas ou mal controladas.
A diabetes tipo 1, também conhecida como a diabetes insulino-dependente, é mais rara e a mais frequente em jovens e crianças, no entanto pode também aparecer na idade adulta. Na diabetes tipo 1, o próprio sistema imunitário da pessoa com diabetes ataca e destrói seletivamente as células pancreáticas produtoras de insulina. Como resultado, o corpo deixa de produzir insulina, o que implica o tratamento com insulina para toda a vida.
A diabetes gestacional é a que se desenvolve durante a gravidez e, habitualmente, desaparece quando esta termina. Geralmente manifesta-se em grávidas com história familiar de diabetes, obesidade ou aumento de peso muito pronunciado durante a gravidez. Contudo, depois de ter diabetes gestacional, há uma maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde.
Existem alguns tipos de diabetes que não se enquadram em nenhuma das categorias anteriores, e que são pouco frequentes, que resultam, entre outros, de defeitos nas células beta do pâncreas, alterações na ação da insulina, doenças do pâncreas, endocrinopatias diversas.
A pré-diabetes, também conhecida por hiperglicémia intermédia, é uma condição na qual os níveis de açúcar no sangue não são suficientemente elevados para cumprirem os critérios de diagnóstico da diabetes, mas que já não são considerados normais. No fundo, é uma condição de risco para a evolução para diabetes tipo 2.
A pré-diabetes é normalmente silenciosa e pode passar despercebida. Por isso, é importante realizar exames de rotina, especialmente se tiver fatores de risco associados (excesso de peso, vida sedentária, histórico familiar de diabetes tipo 2, entre outros).
O desenvolvimento da doença, qualquer que seja o tipo, pode incluir sintomas como urinar com muita frequência, fome constante e difícil de saciar, sede excessiva e boca seca, cansaço, infeções sucessivas e visão turva. Contudo, muitas vezes o doente não apresenta estes sintomas ou dá-lhes pouca importância e o diagnóstico só é feito por análises de rotina.
Quando a diabetes não é tratada adequadamente, os níveis de açúcar no sangue podem ficar elevados por muito tempo e provocar complicações em diferentes órgãos, responsáveis por uma diminuição significativa da qualidade e número de anos de vida.
Para ajudar a estabilizar os valores de glicémia na diabetes, assim como prevenir ou reduzir as complicações associadas à doença, é essencial a adoção de estilos de vida saudáveis, o que implica seguir uma alimentação adequada aliada à prática de atividade física regular. Nos vários tipos é fundamental que o doente vá às consultas de acompanhamento, realize os exames pedidos e cumpra o tratamento.
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Artigo elaborado por Marta Santos (C.P. 23010) – Farmacêutica na Farmácia Colombo