Maio, mês do Coração

22 de Maio, 2021

Porque Maio é o mês do coração e porque se sabe que as doenças cardiovasculares são, atualmente, a principal causa de morte em Portugal, hoje irei falar de duas das doenças arteriais mais comuns: hipertensão arterial (HTA) e aterosclerose.

A circulação do sangue, que tem por destino chegar a todos os tecidos e células do organismo, implica que haja alguma pressão sobre as paredes das artérias. A pressão arterial, que é normal e até essencial para que o sangue atinja o seu destino, é a chamada “tensão arterial”.

A pressão arterial tem duas medidas: a pressão arterial sistólica ou “máxima” e a pressão arterial diastólica ou “mínima”. A primeira corresponde ao momento em que o coração contrai, enviando o sangue para todo o corpo. A segunda ocorre quando o coração relaxa para se voltar a encher de sangue.

Quando a pressão sobre a parede das artérias aumenta em excesso, estamos perante um quadro de hipertensão arterial. A HTA é uma doença silenciosa nos primeiros anos de doença, isto é, não apresenta sintomas. Nalguns casos, pode manifestar-se através de cefaleias, tonturas, mal-estar difuso, visão desfocada, dor no peito ou sensação de falta de ar, sintomas estes que são comuns a muitas outras doenças.

O desenvolvimento de HTA está maioritariamente relacionado com os hábitos de vida, nomeadamente a obesidade, o excesso do consumo de sal, o tabagismo, abuso de bebidas alcoólicas, o sedentarismo e o stress. Por outro lado, e numa escala menor, a HTA pode estar relacionada com causas orgânicas, como algumas alterações hormonais, doenças dos rins ou dos vasos sanguíneos.

A HTA é o fator de risco mais prevalente na população portuguesa e por consequência, apesar de ser simples o seu diagnóstico, este deve obedecer a um processo criterioso e rigoroso de avaliação, diagnóstico e classificação. O diagnóstico de HTA define-se, em avaliação de consultório, como a elevação persistente, em várias medições e em diferentes ocasiões, da PAS igual ou superior a 140 mmHg e/ou da PAD igual ou superior a 90 mmHg.

Os doentes com HTA têm um maior risco de morte ou desenvolvimento de determinadas patologias, como a insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais (AVC), enfarte do miocárdio, insuficiência renal, perda gradual da visão, esclerose das artérias, entre outros. Todas estas patologias são causas frequentes de internamento hospitalar e acarretam sérias implicações para a qualidade de vida.

O tratamento da HTA depende essencialmente da gravidade. Contudo, uma vez que a maioria dos casos tem a sua origem no estilo de vida, é fácil perceber que medidas se devem adotar para baixar os valores da pressão arterial.

É importante optar por uma alimentação equilibrada em calorias e em composição, dando preferência por uma dieta rica em frutos, vegetais e com baixo teor de gorduras saturadas, reduzir o consumo de sal e álcool, evitar fumar, fomentar a prática regular de exercício físico, manter um peso saudável e reduzir o stress. Quando as medidas não-farmacológicas não são suficientes, cabe ao médico decidir qual o melhor tratamento para cada situação.

A aterosclerose é uma doença complexa, de natureza multifatorial, lenta e progressiva. Constitui a doença mais frequente dos grandes vasos, sendo responsável por síndromes de isquemia dos órgãos vitais do organismo humano.

Quando a parede das artérias é submetida a diferentes formas de agressão ocorre a deposição de lípidos e proteínas, e migração de células inflamatórias, com proliferação de diferentes elementos celulares das camadas mais internas das artérias. Esse processo conduz a um estreitamento progressivo do calibre arterial e perda de elasticidade dos vasos.

A lesão fundamental da doença denomina-se placa de ateroma e tem, como localização preferencial, áreas onde a tortuosidade dos vasos e a turbulência do fluxo sanguíneo são mais elevados. Por esse motivo, a artéria aorta é a localização mais frequente, seguindo-se as coronárias, cerebrais e as artérias dos membros inferiores.

A aterosclerose é uma doença com uma progressão silenciosa e, geralmente, os sintomas surgem apenas quando o fornecimento de sangue para um órgão é reduzido. Portanto, as manifestações clínicas variam de acordo com o território vascular arterial envolvido: cerebral, coronário e artérias periféricas. A aterosclerose contribui, assim, para o aparecimento de doença cardíaca isquémica (angina de peito, enfarte agudo do miocárdio), doença vascular cerebral (acidente isquémico transitório, acidente vascular cerebral), doença renal (nefrosclerose e insuficiência renal), doença isquémica intestinal (necrose isquémica intestinal aguda), dissecção aórtica e insuficiência circulatória dos membros inferiores aguda (gangrena) ou crónica (claudicação intermitente).

Os principais fatores de risco são a hipertensão arterial, as dislipidémias, a diabetes mellitus e certos hábitos (tabagismo), além de fatores relacionados com a dieta e hereditariedade.

Começa em idades jovens, mas a sua manifestação clínica ocorre, geralmente, no adulto, pelo que se torna necessária a adoção de medidas preventivas que controlem os elementos de risco durante a infância e a adolescência. É importante praticar um estilo de vida que promova uma boa circulação, evitando fumar e ingerir bebidas alcoólicas, mantendo um peso e uma dieta saudável, praticando exercício físico regular, controlando a hipertensão arterial, a diabetes e o colesterol.

Em boa verdade, todos podemos procurar evitar este tipo de doenças, começando por saber os nossos níveis de pressão arterial, colesterol e glicémia, de modo a tomar de uma forma mais consciente as medidas necessárias para controlar os fatores de risco. Meça periodicamente os seus valores, peça ajuda aos nossos farmacêuticos!

Artigo elaborado por Marta Santos (C.P. 23010) – Farmacêutica na Farmácia Colombo

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