Será que sabe o que está a tomar?
Bem, este mês, mais uma vez, vamos falar de um assunto que, como profissional de saúde, me tem vindo a preocupar bastante, principalmente nesta altura do ano, em que tipicamente começa a “operação biquíni”, adotando-se dietas muitos restritivas e aumentando a prática desportiva que se associa ao consumo de suplementos alimentares desportivos.
Hoje, o objetivo será alertar para as especificidades da suplementação desportiva e a quem se destinam. O que importa é que fiquem informados para que não façam escolhas inconscientes só porque alguém vos falou num produto.
Não é difícil perceber que o “mercado” de suplementos alimentares tem vindo a crescer globalmente, aumentando cada vez mais a quantidade de produtos e marcas disponíveis. A questão que se coloca é: será que tudo funciona?
A resposta é simples, NÃO! O mais importante para obter resultados é perceber o que são suplementos alimentares, para quem se destinam que vai depender diretamente de qual o objetivo da sua toma.
Vamos por partes: suplementos alimentares constituem uma fonte concentrada de nutrientes e são comercializados em forma doseada, incluindo cápsulas, pastilhas, comprimidos, saquetas de pó, ampolas e outras formas semelhantes, que precisam de ser adequados ao plano alimentar, história clínica, exames laboratoriais, composição corporal, modalidade desportiva, ciclo/fase e objetivos do treino. Mais importante do que isto, a sua prescrição deve ser feita orientada por nutricionistas e médicos de forma individualizada, e adaptada a todos os momentos das diferentes fases de treino e desafios.
Existem vários tipos de suplementos, podendo apresentar-se sob a forma de produtos que são enriquecidos com nutrientes que normalmente não estão presentes na sua composição nutricional típica (ex.: alimentos enriquecidos com minerais, vitaminas e proteínas); ou produtos que fornecem calorias e nutrientes especificamente para suporte nutricional geral (ex.: batidos – substitutos líquidos de refeições) ou para uso direcionado ao exercício (ex.: bebidas desportivas, géis de hidratos de carbono, barras de proteínas); podem também ser substâncias isoladas (ex.: creatina, beta-alanina, cafeína…); ou até conter várias combinações de produtos.
O consumo de cada suplemento deve variar consoante o tipo de desporto e modalidade, devendo aumentar-se o consumo de acordo com o nível de treino e desempenho e com a idade, sendo mais necessário suplementar em homens do que em mulheres.
Para além destas necessidades nutricionais que potenciam a toma de suplementos, existem motivações que influenciam seu consumo como correção ou prevenção de défices nutricionais que possam prejudicar a saúde ou o desempenho; para fornecimento adequado de energia e nutrientes; para melhorar performance desportiva (treinar mais e melhor); acelerar e melhorar a capacidade de recuperação pós-treino/pós-prova; otimização da composição corporal (ex: aumento de massa muscular e redução de gordura corporal); aumento da função imunitária como prevenção de patologia (trato respiratório, sistema gastrointestinal…); redução do risco de lesão; ou até porque um determinado atleta acredita que outros atletas estão a usar um suplemento específico.
Dito isto, apenas para um reduzido número de suplementos desportivos existem evidências validades que demonstrem um efeito de desempenho ou benefício indireto para alguns atletas em algumas situações específicas, com pouco ou nenhum risco de resultados adversos ou efeitos secundários.
Os suplementos para desportistas apenas devem ser considerados quando existe forte evidência científica que sustente o seu uso com segurança, de forma legal e efetiva, e idealmente após a adequação das práticas nutricionais de nutrição desportiva serem asseguradas.
Artigo elaborado pela Nutricionista Ipharma – Inês Morais (C.P. 2794N)