Uma pandemia chamada Obesidade Infantil

22 de Maio, 2024

De acordo com os dados da 6.ª ronda do COSI Portugal (2022), sistema de vigilância nutricional infantil integrado no estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative da Organização Mundial da Saúde/Europa, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, na sua qualidade de Centro Colaborativo da OMS para a Nutrição e Obesidade Infantil, em 2021/2022, 31,9% das crianças tinham excesso de peso, das quais 13,5% apresentavam obesidade.

Entre 2008 e 2019, Portugal sempre apresentou consistentemente uma tendência invertida da prevalência de excesso de peso e obesidade infantil, mas em 2022, esta tendência parece não se confirmar, tendo havido um aumento 11,9% para 13,5% na prevalência de obesidade infantil e de 29,7% para 31,9% na prevalência de excesso de peso infantil. De acordo com estes resultados, Portugal situa-se a par da média europeia (29%), com uma em cada três crianças a apresentar excesso de peso.

Começando pelo início, será que sabe o que é a obesidade infantil? Nós esclarecemos: A OMS trata a obesidade infantil como uma das epidemias mundiais, assim como a obesidade em adultos. Atualmente, é considerada uma doença crónica que tem como característica o excesso de peso, comumente causado por associações genéticas, comportamentais e ambientais.

Muitas vezes a obesidade infantil é vista como uma condição que ocorre por fatores genéticos. Contudo, já está muito estudado, e comprovado, que outros pontos podem assumir muito mais importância, como os ambientais e comportamentais, que envolvem a alimentação e a prática de atividades físicas. Tendo isto em consideração, é inevitável observarmos como as crianças de hoje acabam por trocar brincadeiras estimulantes com prática física por atividades que promovem o sedentarismo, como a permanência excessiva em frente aos mais variados ecrãs.

Além disso, os hábitos alimentares familiares afetam a nutrição das crianças, visto que o consumo de alimentos processados e ultraprocessados é cada vez maior. Crianças expostas a ambientes que propiciam a obesidade infantil favorece também a ingestão de alimentos pobres em nutrientes, fundamentais para o desenvolvimento adequado.

Para evitar a obesidade infantil, ou até prevenir essa condição e evitar que a criança se torne num adulto com excesso de peso, os pais são responsáveis por contribuir para que os seus filhos tenham alimentação adequada e saudável. 

Os hábitos alimentares devem ser formados ainda na barriga da mãe, estendendo-se para os primeiros anos de vida, e seguindo por todo seu período de crescimento. Com a introdução alimentar correta aos 6 meses, a criança deve ter oferta e aceitação de variedade e quantidade de alimentos nutritivos com o passar dos anos, assim como estímulos para atividades físicas.

Existem várias estratégias, que devem ser até adequadas e personalizadas a cada criança, mas a lista que vos damos a seguir pode ser um ótimo ponto de partida:

  • Evitar, precocemente, alimentos sem qualidade nutricional, como açúcares;
  • estimular a prática física desde cedo, para que sejam realizadas de forma prazerosa;
  • estimular hábitos saudáveis à mesa, sem a utilização de aparelhos eletrónicos;
  • respeitar a saciedade da criança;
  • estimular um tempo maior para a refeição;
  • evitar o excesso de líquidos no momento da refeição;
  • evitar consumo excessivo de alimentos como frituras, bebidas calóricas, processados e mais.

Como vimos, para evitar a obesidade infantil, além de bons hábitos alimentares e o estímulo de práticas físicas, também as consultas de rotina, inclusive as de nutrição, também são fundamentais na vida da criança. Por isso, é muito importante mantê-las, contribuindo para o crescimento saudável e desenvolvimento adequado da criança e adolescente.

Dra. Inês Morais, Nutricionista Cuido

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