Vamos falar de Saúde Sexual?

24 de Fevereiro, 2023

No mês habitualmente rotulado como o do amor, não podíamos deixar de abordar a Saúde Sexual.

A Sexualidade está intimamente relacionada com o bem-estar físico, emocional e social, representando uma parte importante da vida de cada individuo. Por isso, abordamos hoje a Saúde Sexual, composta por diferentes vertentes: Saúde Reprodutiva, Disfunção, Métodos Contracetivos, Doenças Sexualmente Transmissíveis e outras Questões Psicossociais (interações humanas, consentimento, …). Hoje vamos falar especificamente de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).

Estima-se que, no mundo, há mais de 1 milhão de contágios diários de DST, tendo sido contabilizados, em 2020, cerca de 374 milhões novos casos de Clamidiose, Gonorreia, Sífilis e Tricomoníase, e 296 milhões casos de Hepatite B Crónica.

Os números em Portugal também são preocupantes, com uma estimativa, em 2018, de 908 casos de Sífilis (com maior incidência nos homens entre os 15-44 anos), 479 casos de Clamidiose, (principalmente nas mulheres e homens com idade compreendida entre 15-34 anos) e 789 casos de Gonorreia (com maior incidência nos homens entre os 15-34 anos). Já em 2019, registaram-se 778 novos casos de VIH / SIDA em Portugal.

As DST resultam de um contacto sexual com um parceiro infetado e podem ser provocadas por diferentes agentes infeciosos, presentes no sangue, sémen e outros líquidos corporais ou mesmo à superfície, na pele e mucosa das zonas genitais:

  • vírus (ex: Verrugas Genitais e Anorretais, Herpes Genital, HIV – Vírus Imunodeficiência Humana, HPV – Vírus do Papiloma Humano, Infeção por Citamegalovírus, Hepatite B, …);
  • bactérias (ex: Sífilis, Gonorreia, Clamidiose, …);
  • parasitas (ex: Escabiose, Pediculose, Tricomoníase, …);
  • fungos (ex: Candidíase, …).

Estão identificados como fatores principais da transmissão de DST:

  • Atividade sexual desprotegida, com vários parceiros;
  • Estigma e vergonha existentes em abordar estes assuntos com os profissionais de saúde e mesmo entre pares;
  • Possibilidade de reinfeção, quando os parceiros não são tratados simultaneamente;
  • Incumprimento dos tratamentos de forma completa;
  • Falta de acompanhamento especializado e financiamento nesta área.

Frequentemente, estes tipos de infeções apresentam sintomas ligeiros ou inexistentes, sendo muito importante estarmos atentos para algumas alterações genitais e, perante a sua presença, procurar aconselhamento médico para tratamento adequado:

  • Prurido (comichão);
  • Existência de úlceras ou outras lesões genitais;
  • Sensação de queimadura na zona genital;
  • Corrimento vaginal anormal ou corrimento pela uretra.

Chegamos assim a um dos ponto-chave neste tipo de doenças: a prevenção. É importante relembrar a importância de:

  • Seguimento regular com Médico de Família ou Médico Especialista (habitualmente de Ginecologia ou Urologia);
  • Programas de Saúde Pública, nomeadamente, na promoção de Rastreios, que permitam o diagnóstico precoce de infeções e a sua propagação. Apresentamos algumas recomendações:
    • toda a população: rastreio de HIV, pelo menos uma vez na vida;
    • mulheres com menos de 25 anos e sexualmente ativas: rastreio de Gonorreia e Clamidiose, anualmente;
    • mulheres com mais de 25 anos com mais do que um parceiro sexual e com relações não protegidas por preservativo: rastreio de Gonorreia, Clamidiose, HIV e Sífilis, anualmente;
    • mulheres grávidas: HIV, Sífilis e Hepatite B/ Clamidiose e Gonorreia se tiverem menos de 25 anos ou se tiverem mantido relações com mais de um parceiro.
    • Homens que têm sexo com homens e com relações não protegidas por preservativo: Gonorreia, Clamidiose, HIV e Sífilis, anualmente/ Hepatites A, B e C, pelo menos uma vez
    • Pessoas infetadas pelo HIV: Hepatites A, B e C, pelo menos uma vez/ Sífilis, Clamidiose e Gonorreia, anualmente.
    • Homens que têm sexo com homens infetados pelo HIV: Hepatite C, anualmente.
  • Vacinação (nomeadamente, no caso do HPV e a Hepatite B);
  • Educação de Profissionais de Saúde e da população, em todas as faixas etárias;
  • Diminuição de comportamentos de risco (utilização de preservativos).

Convém relembrar que as DST podem, a longo prazo, ter consequências graves na saúde dos seus portadores, provocando complicações na gravidez (maior risco de aborto, parto prematuro e sequelas nos recém-nascidos), infertilidade, Cancro Ginecológico, Cancro hepático e cirrose, infeção por HIV e, em casos mais graves, morte.

Tenha sempre presente os três pilares fundamentais na Saúde Sexual: consciencialização, responsabilidade e prevenção.

Encontrará em todas as nossas farmácias e espaços de saúde um profissional disponível e informado, pronto a aconselhá-lo e a intervir de forma útil.

Artigo elaborado pela Farmacêutica Ipharma – Dra. Patrícia Cardoso

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