O que é a Menopausa e como a gerir com ativos naturais?

10 de Março, 2025

O que é a Menopausa?

A menopausa caracteriza-se pela cessação definitiva dos ciclos menstruais, por depleção do património folicular funcionante do ovário. A menopausa é diagnosticada quando uma mulher não tem menstruação durante 12 meses consecutivos. Este processo biológico natural ocorre, em média, aos 51 anos nos países europeus, embora possa variar de mulher para mulher. Resulta do esgotamento progressivo da reserva de folículos nos ovários, o que leva a uma paragem da sua função hormonal. Os ovários deixam de produzir estrogénio e progesterona, hormonas essenciais, entre outros, para a regulação do ciclo menstrual.

Esta transição é precedida por uma fase definida como pré-menopausa, marcada por significativas flutuações hormonais. Durante este período, os ciclos menstruais tornam-se irregulares, por vezes com períodos abundantes ou espaçados. Apesar de em média, na Europa, ocorrer aos 51 anos, em algumas mulheres esta pode instalar-se entre os 40 e 45 anos, nestes casos a menopausa define-se como precoce, ou pode ocorrer apenas após os 54 anos e nessas situações a menopausa define-se como tardia.  Finalmente na pós-menopausa, fase que começa assim que a menstruação pára (durante pelo menos 12 meses consecutivos) e dura o resto da vida da mulher. Os sinais da menopausa tendem a diminuir após os primeiros anos, embora certas consequências, como a secura vaginal ou a perda de densidade óssea, possam persistir.

O estrogénio e progesterona: as hormonas da menopausa

O estrogénio e a progesterona desempenham um papel central no ciclo menstrual, mas o seu impacto vai muito além disso. Os estrogénios contribuem para a saúde óssea, cardiovascular e cognitiva. Também influenciam a qualidade da pele, do cabelo e do revestimento uterino. A progesterona, produzida pelo corpo lúteo após a ovulação, prepara o útero para a gravidez e regula a formação de coágulos sanguíneos durante a menstruação.

A diminuição dos níveis destas hormonas femininas tem várias consequências, como por exemplo a redução da densidade óssea e um risco aumentado para o desenvolvimento de patologias cardiovasculares

Quais são os primeiros sinais da transição para a menopausa?

A pré-menopausa e depois a menopausa podem desencadear uma grande variedade de sinais, que de mulher para mulher variam em duração e intensidade. Os sinais mais comuns são:

Ciclos menstruais irregulares: o tempo entre menstruações pode tornar-se imprevisível, com intervalos mais longos ou mesmo mais curtos, o fluxo menstrual pode também variar muito.

Afrontamentos: Estas sensações de calor intenso, muitas vezes súbitas, podem ser acompanhadas de vermelhidão da face e do pescoço.

Suores noturnos: Estes episódios de transpiração excessiva durante a noite afetam frequentemente o sono e induzem cansaço.

Problemas de sono: A dificuldade em adormecer, os despertares noturnos ou matinais, ou a sensação de sono não reparador, têm um impacto negativo na qualidade de vida da mulher e requerem uma atenção especial.

Cansaço físico: É comum sentir-se cansada mesmo depois de uma noite de sono normal. As atividades diárias podem parecer difíceis de realizar.

Cansaço mental ou intelectual: A dificuldade de concentração, os esquecimentos frequentes, a sensação de confusão mental ou a diminuição do desempenho intelectual podem fazer com que se sinta sobrecarregada.

Irritabilidade e alterações de humor: as flutuações hormonais provocam frequentemente nervosismo ou alterações súbitas de humor.

Os estados emocionais podem variar, com ocasional mau humor ou tristeza.

Aumento de peso: Algumas mulheres notam um aumento de peso, frequentemente associado ao aumento do volume do abdómen.

Aumento da sensação de fome: Os desejos alimentares por alimentos gordos ou açucarados, é frequente e pode associar com a sensação de nunca estar saciada.

Dores articulares ou musculares: Pode sentir dores nas articulações ou nos músculos, na região lombar, no pescoço ou na cabeça. A perda de densidade óssea pode começar com a queda dos níveis sanguíneos do estrogénio e progesterona, o que pode facilitar o aparecimento de fraturas de gravidade variável.

Dores de cabeça: As variações hormonais podem levar a dores de cabeça mais frequentes.

Desconforto/problemas urinários: O desconforto urinário é mais frequente e algumas mulheres podem ter micções frequentes, perdas involuntárias de urina ou infeções recorrentes do trato urinário.

Secura vaginal: A redução da lubrificação natural pode causar desconforto ou tornar as relações sexuais incómodas.

Diminuição da libido: As alterações hormonais podem reduzir o apetite sexual ou a satisfação durante o ato sexual.

Sensibilidade dos seios: Os seios podem sentir-se mais apertados ou mais sensíveis.

Perda de cabelo ou unhas quebradiças, pele mais seca: As alterações hormonais podem afetar a qualidade do cabelo e das unhas. A pele pode tornar-se mais seca e necessitar de cuidados adicionais.

Estes sinais, embora incómodos, são transitórios para a maioria das mulheres.

Indicam que o corpo está a entrar numa nova fase. Podem ser consideradas soluções naturais para os gerir melhor e adaptar-se à mudança.

Terapêuticas na menopausa

No alívio e gestão dos sintomas associados à menopausa (como os afrontamentos e suores noturnos) podem ser consideradas abordagens farmacológicas e não farmacológicas. Dentro das abordagens não podemos incluir alterações no estilo de vida, exercício físico e yoga, terapêuticas comportamentais, técnicas de relaxamento, hipnose, acupuntura, entre outras. Nas abordagens farmacológicas podemos incluir a indicação de suplementos alimentares (muito deles com ativos vegetais) ou de medicamentos. Tanto os suplementos como os medicamentos podem ser subdivididos de acordo se têm ou não ação hormonal.  De realçar que as soluções com base em ativos vegetais serão opções de 1ªlinha para a gestão dos sintomas da menopausa. Tal como mencionado acima estas soluções podem se subdividir por terem ou não ação hormonal.

Soluções naturais à base de fitoestrogénios (com ação hormonal):

Óleo de Onagra – O óleo de onagra contém fitoestrogénios, compostos naturais presentes em certas plantas que podem ter efeitos semelhantes aos dos estrogénios, embora a sua estrutura química seja ligeiramente diferente. Estudos científicos sugerem que os fitoestrogénios podem ajudar a aliviar eficazmente o desconforto associado à menopausa. Os fitoestrogénios encontram-se numa grande variedade de alimentos e plantas, e o óleo de onagra destaca-se como uma das fontes naturais mais ricas destes compostos benéficos.

Salva – A salvaé utilizada desde a antiguidade para combater os suores noturnos e os afrontamentos. Pode desempenharum papel no conforto térmico e melhorar o conforto digestivo em casos de inchaço frequente, muitas vezes agravado por flutuações hormonais. Esta ação benéfica advém em grande parte da presença de  fitoestrogénios nas folhas da salva.

Soja – A soja é rica em isoflavonas, compostos vegetais que mimetizam parcialmente os estrogénios. Estes podem aliviar alguns dos desconfortos associados à menopausa, como os afrontamentos.

Soluções naturais sem fitoestrogénios (sem ação hormonal)

A Cimicifuga ou cohosh preto é uma planta de origem norte-americana. Tem a capacidade de ajudar a reduzir alguns dos incómodos associados à menopausa. Contribui, nomeadamente, para reduzir a gravidade, a duração e a incidência dos afrontamentos e dos suores noturnos.

As vitaminas D3 e K2 ajudam a manter uma boa saúde óssea. Além disso, a vitamina D3 melhora a absorção de cálcio, o que ajuda a limitar a perda de densidade óssea nas mulheres em pós-menopausa. De realçar que a baixa densidade óssea é um fator de risco para fraturas osteoporóticas.

Plantas adaptogénicas, como o Ashwagandha, são plantas conhecidas pela sua capacidade de modular o stress e o equilíbrio hormonal. Ajudam o organismo a adaptar-se melhor às alterações físicas que ocorrem durante a menopausa, proporcionando um melhor alívio dos sintomas e restabelecendo o equilíbrio.

Estas soluções naturais são idealmente integradas numa abordagem global que inclui uma dieta variada e equilibrada e exercício físico. Para além disso, uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercício físico são essenciais. Privilegiar os alimentos ricos em cálcio, magnésio e ómega-3, como os produtos lácteos, os legumes verdes e os peixes gordos, ajuda a manter uma boa saúde óssea e cardiovascular. O exercício físico, nomeadamente atividades como a marcha rápida ou o ioga, não só ajudam a limitar o aumento de peso que se verifica frequentemente após a menopausa, como também reforçam os músculos e os ossos, melhorando o bem-estar geral.

Resumindo, a transição para a menopausa é acompanhada de diferentes sintomas incómodos, pelo que as mulheres devem ouvir o seu corpo e perceber junto do seu médico ou farmacêutico qual a melhor forma de cuidar de si.

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